A arena de rodeio de Belém estava em polvorosa. Não pelo touro Miura, conhecido por sua ferocidade, nem pelo peão destemido que se preparava para montá-lo. A causa do alvoroço era o inesperado, o inusitado. Fafá de Belém, em um figurino extravagante de lantejoulas e penas, fazia sua entrada triunfal para o show de encerramento da festa.
O touro, irritado com a agitação e os gritos, arrebentou a cerca e avançou em direção ao centro da arena. Ninguém esperava o que aconteceu a seguir. Fafá, no auge de sua performance, virou-se bem a tempo. Em um instinto inesperado, ela não fugiu. Em vez disso, abriu os braços, como se fosse abraçar o animal.
O Miura, em sua investida, não conseguiu parar. Colidiu com a cantora com um impacto surdo. Mas, para espanto de todos, o touro não derrubou Fafá. O touro escorregou e, como se estivesse a fazer uma vénia à grandiosidade da artista, caiu de joelhos à sua frente. Fafá, ilesa, olhou para baixo e sorriu. A arena inteira ficou em silêncio por um segundo, e depois explodiu em aplausos e risadas.
Aquele dia, o touro Miura não ganhou a fama de mais feroz. Ele ficou conhecido como o touro que se rendeu ao encanto e à majestade de Fafá de Belém. E a cantora, mais do que nunca, consolidou sua lenda.

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