Opinião | Diogo Bordin e a sombra de um julgamento precipitado
Diogo Bordin, modelo profissional e ex-concorrente do Big Brother 2025, viu a sua vida pessoal transformada em tema de debate público — mais uma vez, não pelos seus projetos ou carreira, mas pelas especulações em torno da sua orientação sexual. Tudo isto após o fim do relacionamento com Carolina Braga, iniciado ainda dentro da casa da TVI, e potenciado pela sua recente proximidade com António Leal e Silva, apresentador do V+Fama e jurado do Funtástico.
Carolina, num tom honesto mas subtil, deu a entender que a relação entre Diogo e António sempre lhe pareceu "estranha" e que não se sentia confortável com a dinâmica dos dois. Já António e Diogo, vistos juntos na praia em clima de cumplicidade, justificaram a relação como uma sólida amizade e o início de uma colaboração profissional.
Cláudio Ramos, sempre perspicaz e direto, questionou António sobre a natureza da ligação. A resposta foi clara: “É um companheiro, tenho um projeto com ele. É um homem bonito, interessante”. Ramos, no entanto, deixou no ar: “São o que eles quiserem”.
Até aqui, tudo poderia ser tratado com naturalidade. Mas em pleno 2025, assistimos ainda a uma tendência preocupante: a associação automática entre dois homens próximos e rumores sobre sexualidade, como se a amizade entre adultos do mesmo sexo fosse algo que exige explicação.
Mais grave ainda é quando a especulação pública dá um passo mais perigoso — como a comparação feita por alguns entre Diogo Bordin e Renato Seabra. Traçar paralelos com um caso trágico e criminoso como o de Seabra, baseado apenas em rumores sobre orientação sexual ou proximidade emocional, não é apenas irresponsável — é desumano.
Renato Seabra cometeu um homicídio brutal num contexto de perturbação psicológica profunda. Insinuar que Diogo Bordin poderá “ser o próximo” é não só injusto, como profundamente ofensivo — para ele, para as vítimas reais de violência, e para a comunidade LGBTQ+, que tantas vezes é injustamente associada a comportamentos desviantes.
Vivemos num país onde figuras públicas ainda são forçadas a “provar” que não são o que não assumiram ser. A privacidade é ignorada, a especulação é vendida como verdade, e a empatia cede ao entretenimento fácil.
Diogo Bordin pode ser gay, hétero, bissexual — ou simplesmente um homem com direito a amizades íntimas e a projetos com quem bem entender. Isso não deve importar. O que devia importar é o respeito pela sua dignidade, pelas escolhas pessoais, e pelo simples facto de ser humano.

Comentários
Enviar um comentário